terça-feira, 28 de outubro de 2008

"(...) Nada mais terrível do que não ter nascido! ele dissera um dia. E agora? Agora só a liberdade importava: liberdade de um dia olhar o outro nos olhos e dizer: és tu - reconhecê-lo, identificar-se com ele logo que o encontrasse e enfim se deixar viver numa enfim conquistada disponibilidade, que a vida em si mesmo justificava. O anonimato, por exemplo, era uma antevisão do paraíso - andar desconhecido e livre pelas ruas, ninguém o identificava."

domingo, 7 de setembro de 2008

Essa manhã quase não consegui acordar de um sonho terrível. E quando acordei não era eu. Era eu e tudo misturado. As palavras, os pensamentos, as cores, lembranças. Coração, estômago, cabeça, tudo de cabeça pra baixo, tudo revirado. Que sensação mais esquisita! Parece que eu to do avesso. Mas ainda assim não dá pra enxergar direito o que que tem aqui dentro. Ou o que não tem. Se bem que o fora e o dentro também tão misturados. Não sei se dói mais o que vem de fora ou de dentro. Também não sei se sei a diferença entre os dois. É que tá tudo tão confuso. Eu preciso de alguma coisa que eu não sei o que é, mas eu preciso. Eu preciso de certeza. Preciso poder querer. Preciso querer poder. Preciso querer e poder. Preciso de tato, de concreto, do que é real ou que a realidade pertença. Fragmentos, tudo o que eu tenho são fragmentos. Que se perdem aos poucos. Que me perdem aos poucos. Me perco aos poucos, muitos, rápido e sem dor. Até ficar tudo vazio. Oco. No universo tão vazio quanto.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

(Diálogos: com Gabriel, 21:21)

(...)
- Mas acho que tudo tem seu tempo. E enquanto meu tempo nessa área anda em câmera lenta, eu tento fazer os meus outros relógios andarem pra frente. E uma hora, todos esses tempos se encontram. Sem pressa. Quem tem alma, pode sim ter calma.
- Todos os relógios se encontram...
- Mas é assim que eu vejo também... e os meus relógios e os seus, estão, geralmente, em tempos completamente diferentes. Mas são tempos que também se encontram. E é sempre ou quase sempre num desses momentos tão bons, que acabamos chamando de: sincronicidade.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Porque tantos mundos separados pela distância astronômica de um braço? Mundos e mares de profundezas imenssuráveis, inabitáveis, inexploráveis. Mas agora, lá fora, todo mundo é uma ilha; à milhas e milhas de qualquer lugar. Os braços não mais se encontram, os olhares se evitam e os silêncios... silêncios não são mais só silêncios. São lacunas que se enchem de agonia e de palavras que atropelam, atrapalham a magia de um simples e grandioso silêncio. Silêncio.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

sente. não sente. frio com sol. céu azul. dormir. acordar. acordar dormindo. dormir acordado. dormente. não sente.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

" Me ponho aqui tentado, divagando, tremendo. Com sorte entretendo por uma convicçao. Mas o que posso dizer de introduçao? Como todo inicio, INTRODUZIR é dificil, e mal sei se o que me incomoda mais nesse suplício é o INTRO ou o IR...INTRO remete intromssao, intuiçao,exposição; por o dentro pra fora pra descobrir o fora la dentro..ou pior seja o ir andar, mover, partir, dar a cara a tapa, dar o corpo pro abraço; dá medo! Enfim, melhor parte do inicio é o fim. "

segunda-feira, 24 de março de 2008

Tenho falado baixo, quase um cochicho. Já não me imponho mais, já não opino mais. Deixei de viver por mim, deixei de gostar das coisas, das pessoas. Deixei de gostar das minhas atitudes e pior ainda, deixei de me importar com elas. Já nem sei mais se é uma máscara que uso ou o que é. Se é uma barreira eu não sei o que é. Sei que deixa entrar; impede de sair. A força de vontade que eu tinha se escondeu e a capacidade de deixar pra lá o que me fez mal fugiu por aí. Alguém roubou. Não sei quem, quando, onde porque me perdi no meio de tudo isso. Me lembro vagamente de uma maré muito forte de sentimentos e acontecimentos que me levou embora, talvez estivesse com olhos tão ingênuos que pude pensar que aquelas águas pudessem me lavar também. Mas só levou; levou pra onde eu não sei. Ainda tenho a certeza de estar no meio desse turbilhão, mas por agora envolta em alguma coisa próxima a uma letargia. Posso ter quebrado alguma coisa, será? Mas não sinto o que tá fora. Sinto o que vem de fora pra dentro de mim e não consegue sair, nem se soltar nem verbalizar. Eu sei que eu consigo respirar e que rir faz bem. Sei que eu consigo sorrir pra mim e imaginar também. Ontem mesmo eu fiquei pensando como seria o mundo se ele fosse todo de aquarela... Talvez não seja de todo mal. Crescer dói. Às vezes é uma dor gostosa, tipo quando alguém faz cócegas onde machuca mas mesmo assim dá vontade de rir. Às vezes é uma dor ruim porque uma hora ou outra se é forçado a enxergar o que não se quis ou passou despercebido. Pra falar bem a verdade não sei bem se o que eu fiz foi crescer. Quando eu era bem mais nova, eu imaginava seria outra pessoa por agora. Uma pessoa bem mais adulta, bem mais madura. Várias coisas que eu vivi me deram maturidade suficiente pra poder suportar determinadas situações. Mas eu jamais pensaria que eu seria ainda tão menina assim. Tão forte pra algumas coisas e tão sucetível a outras. Antes eu pensava que sonho e intensidade tinha prazos de validade. Hoje eu vejo que a vida vai desgastando um pouquinho dos dois. Creio que não sei até que ponto. Pretendo ficar sem saber o máximo que eu puder.