quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Maior. Hoje me sinto maior. Sinto que a pior parte já passou, e me surpreende aquele abraço não ter me trazido dor, ou saudade. Me deu uma felicidade que a tempo já não sentia, daquelas de quando se relembra e faz de novo aquilo que a muito tempo já passou, o vazio do momento preencheu o cheio, que tava cheio de tristeza, de peso. E agora o vazio se preenche aos poucos, com sensações, alguns sonhos, alguns pensamentos. E depois vai se preenchendo com uma ansiedade boa, com um sorriso que vai se abrindo meio tímido mas sincero. Me sinto maior. Essas coisas engradecem qualquer um. Não sei muito bem dizer, mas é bom. É sentimento, e é finalmente o meu eu, minhas reações. Eu fico feliz em poder acordar todos os dias e ver o mesmo rosto, cada dia com um olhar, com uma expressão. Ou uma cor. O torpor passou. Agora eu me sinto maior. Mais forte. Mais tarde me pede pra conversar e eu deixo estar. E ao final eu não chorei, eu sorri. Eu sorri quando ouvi que queria me ver feliz, e não reagi. Sorri quando sorriu um sorriso meio chorado pra mim, e pensei que um dia era eu quem estava ali, mas hoje não. Não, hoje não.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Ultimamente tenho andado com uma sensação tão esquisita. É uma agonia, uma vontade de querer e não querer. Depois te tanto tempo, eu tive aquela sensação estranha de incerteza, de falta de alguma coisa. E essa sensação me trouxe algumas coisas que andei deixando no caminho, sem perceber. Fui deixando no caminho meus sentidos, todos eles. Deixei de lado coisas que pensei que não fosse precisar mais por conta de uma certeza que me cobriu os olhos e me anestesiou do mundo. E quando essa certeza virou uma incerteza, eu já não podia sentir mais nada, nem tristeza nem sorriso. Não sei o que, mas nesse momento, alguém em mim falou por mim, e foi de uma frieza tão grande que só agora eu me toquei, que depois de tanto tempo, eu me acomodei, acreditava que a minha vida era assim mesmo, e mais nada. Agora eu vejo o tamanho do absurdo, tamanha distância que criei de mim mesma. Durante um bom tempo, eu fui transferindo o meu eu pra outra pessoa, talvez pra que só assim eu pudesse me enxergar ali, naquele ser, mas a recíproca não era verdadeira. Acabei perdendo muito de mim, e deixei muita coisa passar. Agora, eu preciso correr atrás do prejuízo que eu causei em mim mesma. Reaprender a enxergar, escutar, sentir. E só assim voltar a ser. O bom é saber que depois de todo esse tempo, eu ainda sei exatamente o caminho que me leva a mim mesma. O caminho da entrega, da libertação. E agora, deixo-me ser.